Três em cada sete brasileiras sentiram medo de perder o emprego ao engravidar ou sentem se engravidarem agora [1] e esse dado não mudou em nada. Em nossos atendimentos podemos notar que o percentual ainda é o mesmo.
É comum em empresas com uma cultura organizacional de excesso de trabalho a mulher, especialmente aquela que deseja se tornar mãe, se sentir desvalorizada. Isso foi explicitado em uma pesquisa da Harvard Business Review onde a problemática de uma empresa era que existiam poucas sócias mulheres, isso ocorria, pois existia uma cultura de excesso de trabalho que encorajava essas mulheres a fazerem acordos que as prejudicava profissionalmente, colocando-as em trabalhos internos e com carga reduzida, para dar conta de lidar com o trabalho e a família, deixando de lado assim, a ascensão profissional.
Mas, esse não é apenas um dado de uma pesquisa, e sim uma dura realidade. Há um tempo fomos chamados para atender uma empresa que gostaria de melhorar o número de mulheres no board, embora a empresa tivesse mais mulheres que homens pela sua porta de entrada, percebeu que num dado momento as mulheres perdiam suas aspirações de carreira, isso coincidia com relógio biológico feminino.
Temos visto empresas que adotam medidas para equilibrar o trabalho e a parentalidade que são tão produtivas e bem sucedidas quanto aquelas que tem uma cultura organizacional oposta.
Exemplos delas são: Cisco, Johnson & Johnson e Santander Brasil, todas elas aparecem em um ranking feito pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e o instituto Great Place to Work (GPTW) para identificar empresas que são amigáveis com colaboradores com filhos.
Com a pandemia, muito mudou e tratando-se de maternidade e carreira, podemos ver avanços positivos. Um estudo recente, sobre pais que trabalham, mostra que é dobrado o número deles que acham que cuidar dos filhos durante o lockdown é extremamente difícil, comparado às mães, isso se deu, porque para muitos pais o envolvimento no cuidado diário é algo novo e que o convívio na quarentena trouxe à tona, já que todos estão no mesmo barco, dentro de uma rotina desafiadora em conciliar trabalho e vida pessoal num mesmo ambiente.
A consciência da importância do papel do pai na educação e cuidados na rotina diária do filho, somado à consciência das empresas da importância do papel da mulher, tem proporcionado às mulheres um espaço de protagonismo e oportunidade de crescimento.
Mas, temos outro componente que a mulher tem que lidar que a maternidade traz: a culpa.
Toda mãe vive num imenso dilema interno de poder se permitir a se realizar profissionalmente.
E como lidar com a culpa?
1° pare de se comparar com outras mães. Mesmo achando que sim, as realidades e prioridades são diferentes, essas comparações só fazem ficar sentindo mais culpa e remorso.
2° Elenque prioridades; se o seu trabalho necessita de 8 horas diárias de total dedicação, priorize 8 horas diárias a ele, mas depois das 20h, por exemplo, coloque como prioridade sua família.
3° Comece com micropassos; como deixar seu celular desligado por 20 minutos todas as noites.
4° faça o que é possível, mesmo que seja apenas uma ação.
5° faça algo por você, seja praticando exercício físico ou espiritual ou um hobbie.
6° crie separação entre trabalho e família. Só leia mensagens e e-mails na escrivaninha ou coloque um horário para se desligar do trabalho todos os dias, faça mudanças que se encaixem na sua rotina e atenha-se a elas, procurando estar o mais presente possível.
7° entenda seu papel; é impossível livrar-nos da culpa, porque ela é um subproduto emocional da ação. O fato de você não conseguir dar atenção que gostaria a seus filhos não muda o fato de que é uma mãe dedicada e que os ama, é preciso reconhecer o conflito e aceitá-lo, não temos controle sobre ele e aceitar que não exercemos controle sobre isso é o primeiro passo.
Em um estudo publicado em 2018 realizado em conjunto pela Universidade de Harvard, a Kingston University e a Worcester Polytechnic, mostra que filhos que crescem com mães que trabalham fora se tornam adultos tão felizes, têm 20% de mais probabilidade de conseguir emprego; são 30% mais propensos a se tornarem líderes, e gastam 44 minutos extras em seus trabalhos semanalmente comparados aqueles cujas mães se dedicaram inteiramente à maternidade.
Referência:
[1] https://www.trocandofraldas.com.br/carreira-e-maternidade-2018-brasil/